terça-feira, 4 de novembro de 2008

EMOÇÕES


Em um mosteiro japonês, na época medieval,
havia um velho monge diante do qual os noviços sentiam-se intimidados.
Não que o veterano bondoso fosse muito severo com eles, não.
Mas é que jamais o viram pertubar-se com alguma coisa.
Nada o afetava e seu ar um tanto quanto misterioso
incutia um misto de respeito, admiração e medo.
Certa feita decidirm testá-lo. Era uma invernal manhã.
E era tarefa do ancião levar a oferenda de chá para a Sala do Fundador,
um local especialmente reservado ao recolhimento
do mestre que havia criado o dito monastério.
Os noviços que se incomodavam com o velho monge ocultaram-se em um canto de um sombrio e sinuoso corredor. Justamente quando
o ancião passava segurando a taça de chá, os jovens monges
saltaram na escuridão e fizeram um grande alarido
como se fossem demônios.
Sem titubear um só instante o veterano passou impassível, e sem derramar uma só gota do chá. No final do corredor havia
uma pequena mesa, o bonzo depositou a xicara com cuidado e só então deu vazão ao seu espanto. Apoiou-se à parede para não cair de susto e entre exclamações de medo pôs-se a acalmar seus pensamentos.
Um mestre Zen, sempre que relatava esta historia afirmava:
- Verifica-se, portanto, que não há nenhum mal nas emoções.
Só que não devemos deixar que elas nos arrastem
ou pertubem o que estamos fazendo.

Antônio Carlos Rocha (AS PEDRAS DO ZEN)

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